Resistência, durabilidade e fácil trabalhabilidade. Essas características fazem do cimento Portland um dos materiais mais utilizados, especialmente em obras da construção civil. Empregado em várias situações – de simples mobiliário urbano a grandes edifícios –, o material é preferência entre engenheiros.
Trata-se de um pó fino com propriedades ligantes que sob a ação da água endurece e fica resistente. Mesmo quando submetido à nova ação da água, não se decompõe. A solidez é tão grande que é comparado às rochas da ilha britânica de Portland – daí o nome do produto – patenteado em 1824 pelo químico Joseph Aspdin.
“Com o pó de cimento, pouca coisa se faz. Mas, quando misturado com água e outros materiais de construção, como areia, pedra britada e cal, ele resulta em um concreto bastante resistente para ser utilizado na construção de casas, edifícios, pontes e barragens”, afirma Arnaldo Battagin, gerente de tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
A seguir, conheça os tipos de cimento Portland, vantagens e saiba utilizar.
Composição do cimento Portland
O cimento Portland é composto por um clínquer – mistura de calcário e argila com adições, como:
• gesso (controla o tempo de pega) • escória de alto forno (aumenta a durabilidade e a resistência) • materiais pozolânicos (garantem maior impermeabilidade ao concreto) • materiais carbonáticos (semelhantes ao calcário, tornam a mistura mais trabalhável)
A quantidades de adições desses elementos orienta as propriedades de resistência, estabilidade, durabilidade e impermeabilidade do cimento. Para obter uma estrutura eficiente, é fundamental conhecer as propriedades do material para utilizá-lo adequadamente em cada situação de obra.
Tipos de cimento e suas aplicações
Existem vários tipos de cimento Portland. Embora todos sejam indicados para uso geral na construção civil, eles possuem diferenças entre si. Segundo Battagin, “alguns são mais vantajosos para certos tipos de obra em relação a outros. Contudo, em geral são poucas as exceções. Todos os tipos normalizados existentes servem para qualquer aplicação”.
O profissional da ABCP diz também que alguns tipos são mais difíceis de serem encontrados, como o CP I e CP I-S, “pois são fabricados apenas por encomenda”, enquanto outros estão disponíveis em abundância. “O CP II é o mais fácil de ser encontrado, já que corresponde a quase 70% do cimento produzido no Brasil”.
1. CP I – Cimento Portland comum
É o tipo mais básico disponível no mercado. Possui somente o gesso como aditivo, que funciona como retardador da pega, e isso possibilita um maior tempo de aplicação.
É utilizado em construções em geral, onde não são exigidas propriedades especiais do cimento.
Possui alto custo e menor resistência, além de toda sua produção ser direcionada à indústria.
2. CP I-S – Cimento Portland comum com adição
Tem a mesma composição que o CP I, porém com uma pequena adição de material pozolânico. Isso garante menor permeabilidade ao material.
3. CP II-E – Cimento Portland com adição de escória de alto-forno
Os cimentos CP II são chamados de compostos porque recebem a adição de outro material. Isso confere a esse cimento um menor calor de hidratação, ou seja, faz com que ele libere menos calor quando em contato com a água.
O CP II-E é uma composição intermediária entre o Cimento Portland comum e o Cimento Portland com adições. Contém adição de escória granulada de alto-forno e é recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor moderadamente lento.
4. CP II-Z – Cimento Portland com adição de material pozolânico
O CP II-Z é fabricado com adição de pozolana, o que confere ao cimento menor permeabilidade. Por isso, esse tipo de material é ideal para obras subterrâneas e locais que estejam em contato com água.
5. CP II-F – Cimento Portland com adição de material carbonático – fíler
Possui adição de 6% a 10% de material carbonático em sua composição. É utilizado em aplicações gerais como concreto simples, armado, protendido, elementos pré-moldados, pisos e pavimentos de concreto etc.
6. CP III – Cimento Portland de alto-forno
Possui adição maior de escória, chegando a um teor de até 70% em massa. Isso garante alta impermeabilidade e durabilidade, baixo calor de hidratação, alta resistência à expansão e resistência a sulfatos.
É recomendado tanto para aplicações gerais quanto para estruturas de grande porte e agressividade, como barragens, fundações de máquinas e esgotos e afluentes industriais.
7. CP IV – Cimento Portland pozolânico
Possui entre 15% e 50% de material pozolânico em sua composição. O alto teor de pozolana confere alta impermeabilidade e maior durabilidade ao material. Assim, proporciona estabilidade em ambientes de ataque ácido, especialmente os atacados por sulfato.
Por ser pouco poroso, é especialmente indicado para obras expostas à ação de água corrente.
8. CP V – Cimento Portland de alta resistência inicial
Assim como o cimento comum, não é fabricado com adições. A diferença é o processo de dosagem e fabricação do clínquer, elemento presente em todo tipo de cimento. O clínquer utilizado aqui possui quantidades diferenciadas de calcário e argila, além de uma moagem mais fina.
Possui alta reatividade nas primeiras horas de sua aplicação e atinge resistências maiores que os cimentos convencionais. Por isso, é recomendado para fabricação de concreto.
9. RS – Cimento Portland resistente a sulfatos
Os tipos anteriores de cimento podem ser classificados como resistentes a sulfatos desde que se enquadrem em exigências específicas. Muito presente em redes de esgoto, ambientes industriais e em construções em contato com água do mar.
10. BC – Cimento Portland de baixo calor de hidratação
Também diz respeito a uma categoria extra que os cimentos anteriores podem alcançar se tiverem baixo calor de hidratação. Tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em grandes peças, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica.
11. CPB – Cimento Portland branco
Sua principal característica é ser da cor branca. A coloração é atingida pela utilização de matérias-primas com baixo teor de manganês e ferro, além de caulim no lugar da argila.
Pode ser usado como cimento estrutural ou não estrutural em rejuntes de cerâmicas.